Quase ensurdecedores quando chegaste
De mansinho ao meu coração.
Lembro que nem sequer bateste à porta,
Entraste e no caminho por onde passavas,
Ias construindo muros altos,
Ias plantando rosas e tulipas,
Que aclamavam a tua existência.
E eu cansada de lutar, deixei-te entrar.
Fui escavando dentro de mim,
Alargando a tua passagem, procurando
Um lugar maior para te pôr.
Fui deitando fora recordações,
Deitei fora amores antigos, beijos dados,
Agora esquecidos na eterna ignorância
Da minha loucura, até que não restava mais nada.
Tu preenchias o meu ser,
Eras motivo da minha existência.
Vivias nas pontas dos dedos, no brilho dos meus olhos,
Nos sorrisos que se abriam no meu rosto,
Nas veias onde corrias, sem tempo nem hora,
Sem porto para chegar.
Na verdade já havia esquecido que eu existia...
Naquele tempo, tudo parecia tão fácil,
Tão sem fantasmas, mas agora relembro
Toda a angústia, a saudade, a ansiedade, o medo,
A culpa, os desgostos, o ódio, até mesmo o amor.
E fecho estas palavras com a lágrima
Que cicatriza no rosto e leva para longe,
Para lá das estrelas,
Onde ainda te guardo com carinho,
Onde o meu ódio não chega,
E talvez por isso ainda te ame,
Mesmo quando o céu azul nos abandona
E a lua empalidece as estrelas.
Eu amo-te... muito!
Vera Augusto
2 comentários:
Estas palavras nao deixaram de me chamar a atenção... Quem escreveu? Foste tu?
Sim, fui eu...
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